Material das minhas aulas on line e presenciais.
Rose Prado, há 30 anos preparando o vestibulando.
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Faça uma dissertação argumentativa, evidenciando seu posicionamento a respeito da seguinte questão: atletas transexuais devem disputar competições femininas?
1. Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua portuguesa.
2. A redação deverá ter entre 25 e 30* linhas.
3. Dê um título a sua redação
São
evidentes as diferenças biológicas nos corpos de homens e mulheres. Elas se
constroem durante a puberdade, em alguns casos depois, mediadas pelos hormônios
sexuais.
Os hormônios androgênicos,
também chamados de masculinos, são muito mais potentes e transformadores que
seus equivalentes femininos. Por isso nossa preocupação no Amtigos
(Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual), do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, com as crianças
e os pré-púberes que apresentam questões intensas, persistentes e consistentes
de identidade de gênero.
Se podemos bloquear as mudanças físicas, até
termos certeza de que se trata mesmo de uma menina ou de um menino, isso evita
uma série de constrangimentos, exclusão social, cirurgias e sofrimento.
Com isso, o corpo
deixa de seguir o que a biologia determina, para se adequar a quem pertence
aquele corpo. Se é menino, que seja menino; se é menina, que seja menina.
A introdução de
hormônios específicos para essa mudança final, mas tão importante, só pode ser
realizada após os 16 anos de idade.
Com o bloqueio e a
hormonioterapia específica, aquela pessoa vai desenvolver seu corpo de acordo
com sua realidade psíquica, o que evita sofrimento e facilita a inclusão
social. Essas mulheres e homens diferem muito pouco de qualquer homem ou mulher
cisgênero (pessoas que não apresentam discrepância entre seu sexo biológico e
sua identidade de gênero).
Para
essas pessoas, é óbvio que disputar competição feminina não será problema. Só
significará a concretização do que aquele indivíduo vem buscando desde a
infância. A questão fica mais complexa quando falamos de adultos que tiveram a
puberdade regida pela biologia de seus corpos, com os quais não se identificam,
e fazem depois a transição.
Transicionar um corpo masculino para um
feminino, e vice-versa, é tarefa árdua e leva tempo. Quando falamos de esporte
de alto desempenho, essas mudanças ganham contornos bem mais específicos. Se
alguém era um desportista de elite, com treino intenso, musculatura específica,
a transição de um gênero para outro pode ser ainda mais demorada.
Quanto tempo? Depende do biótipo, da
genética e das ações específicas dos hormônios tomados. Talvez meses sejam
necessários para um corpo masculino se tornar feminino, o que implica perda de
massa muscular, distribuição de gordura, agressividade etc.
Quando tudo se estabiliza, aquele corpo se
torna feminino. E por que não poderia participar de competições
femininas?
Lógico que individualidades devem ser
consideradas, mas se aquela pessoa se reconhece como mulher, transicionou
(operando ou não) para o corpo feminino, cumpriu todas as exigências legais
para mudança de nome e sexo civil, ou seja, é uma mulher legalmente,
fenotipicamente e psiquicamente, por que não poderia disputar campeonatos
femininos?
Se o COI (Comitê Olímpico Internacional)
determinou que cumprindo certas exigências, especialmente quanto ao nível
hormonal de andrógenos, uma mulher trans pode jogar num time feminino, por que
não podemos concordar e assumir que isso é uma vitória contra o preconceito?
É muito fácil afirmar que uma mulher trans
teve seu desenvolvimento puberal como homem e que, assim sendo, ela desenvolveu
musculatura, coordenação, orientação, sinapses cerebrais e formas de pensar e
funcionar seu corpo como homem e não vai ser do dia para noite que perderá tudo
isso. Esse raciocínio tem fundamento, é lógico.
O uso constante de hormônios femininos e
medicamentos antiandrogênicos, porém, vai mudar todos esses parâmetros,
levando-os para padrões femininos.
Quando uma dessas atletas está em quadra,
não é um homem que saca, ataca ou defende, mas uma mulher que venceu muitas
barreiras para estar ali.
Mudar nosso olhar para reconhecer e aceitar
isso revela-se fundamental para que possamos assumir de verdade a diminuição do
preconceito e da exclusão.
ALEXANDRE
SAADEH é psiquiatra e coordenador do ambulatório Transdisciplinar de Identidade
de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da USP https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/02/atletas-transexuais-devem-disputar-competicoes-femininas-nao.shtml
.............................................................................................................................Painel do leitor. José
Luiz Bariani: O autor do texto é
psiquiatra. Eu sou químico. Qual é o nosso nível de capacidade para opinarmos
sobre o que é certo e o que é errado? Só acho que não vemos casos invertidos,
tipo Tammy Gretchen disputando ligas masculinas, porque obviamente, seria um
massacre, né? Então, a minha opinião é que quem não é da área ão deve se meter
a especialista. Em outras palavras, deem espaço a quem tem o que acrescentar...
Painel do leitor. Ney fernando malhadas: Quem um clube contrataria
para melhorar suas chances nas competições femininas (que evidentemente quer
vencer)? As pessoas mais fortes, mais altas, mais rápidas, ou as mais fracas,
mais baixas e mais lentas? Haveria mais mulheres nas arquibancadas do que
competindo. Que tal ingressarem então em equipes masculinas? Aí não haveria
nenhum problema para ninguém.
Sou
totalmente contra a possibilidade de uma atleta transexual participar de
competição feminina por um motivo simples: genética.
Considero transexual qualquer
indivíduo cuja identidade de gênero difere daquela designada no nascimento.
Essas mudanças podem ser provocadas por tratamento hormonal, sem a necessidade
de alterações cirúrgicas. Essa é minha opinião.
Quero deixar bem claro que não
sou contra a jogadora Tifanny Abreu ou
qualquer outra atleta transexual disputarem a Superliga de vôlei. Ela não está
infringindo nenhuma lei, pois uma resolução de 2015 do Comitê Olímpico
Internacional já autorizava a participação em jogos femininos, mesmo sem a
mudança de sexo por cirurgia.
Considero equivocada, entretanto, a
legislação que permite tal possibilidade. Temos que debater o assunto e, se for
o caso, mudar esse entendimento.
Minha justificativa
baseia-se na premissa de que o que coloca Tifanny em quadra não é a cirurgia
que fez, mas sim o nível de testosterona que ela produz.
Pois bem, se a
questão é essa, podemos fazer um exercício hipotético: qualquer homem que
esteja disposto a ter seu nível de testosterona reduzido (o que pode ser feito
quimicamente através de injeções), pode jogar a Superliga. Basta se
declarar transexual.
Dessa forma, pela
legislação atual, corremos o risco hipotético de ter uma equipe inteira de
indivíduos que nasceram homens jogando uma competição feminina.
O assunto é delicado,
mas precisa ser amplamente discutido. O movimento LGBT luta há décadas por
direitos iguais e uma sociedade mais igualitária e justa.
O movimento vem
ganhando bastante espaço na sociedade moderna e conquistado avanços na área
civil. Outro ponto importante é a conscientização da sociedade de que há outras
opções sexuais além da classificação de masculino e feminino.
Essa luta legítima
por igualdade, todavia, não deve favorecer um gênero em detrimento de outro. Um
indivíduo que nasceu homem sempre terá vantagens físicas em relação a um que
nasceu mulher. São as leis da genética.
Apesar
de me opor totalmente a atletas transexuais competirem na Superliga feminina,
não quero marginalizar e ser excludente. Acredito que já passa da hora de
reconhecermos um terceiro gênero no esporte.
Sou a favor de criarmos uma nova categoria
na Superliga, a LGBT, com regras próprias, altura de rede compatível e
adaptações à nova realidade.
Dessa forma, não iríamos excluir ninguém e
toda a comunidade LGBT teria o direito de participar da maior competição
interclubes da modalidade no Brasil.
As diferenças entre as atletas transexuais
e as femininas estão claras e visíveis a todos. As vantagens físicas das
primeiras sobre as segundas são evidentes.
Acredito que o mais justo para todos é
reconhecermos o terceiro gênero e uma das formas de concretizar essa nova visão
é criar uma categoria específica.
SÉRGIO
NEGRÃO, pós-graduado em metodologia científica do treinamento desportivo pela
Universidade do Grande ABC, é técnico do Brasília Vôlei
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